Argentina julgará Lava Jato com ex-Odebrecht e Camargo Corrêa entre réus

A Argentina começará a julgar no dia 19 de maio o suposto esquema de pagamento de subornos pelas empresas brasileiras Odebrecht e Camargo Corrêa, em troca do favorecimento na concessão de contratos para a realização de obras públicas, entre 2007 e 2014.
Este será o primeiro julgamento da “Lava Jato argentina”, investigada desde 2016. Ao todo, 23 argentinos, dois uruguaios e um brasileiro são réus pelo suposto envolvimento no esquema de corrupção na construção de duas estações de tratamento de água e esgoto da empresa estatal Agua y Saneamientos Argentinos S. A. (Aysa) na província de Buenos Aires.
Entre os réus, estão ex-representantes no país da Odebrecht e da construtora Camargo Corrêa, incluindo o único brasileiro no banco dos réus.
Também serão julgados funcionários da administração de Cristina Kirchner, como o ex-ministro do Planejamento Julio De Vido, cuja defesa alegou haver erros e deficiências nas acusações e que não há provas para atribuir a ele os fatos.
De acordo com o Ministério Público, há uma série de irregularidades na formulação das licitações, concessões e desenvolvimento de ambas as obras hídricas, que incidiram na escolha das contratistas, nos montantes orçados e gastos pela empresa estatal, além de pagamentos de importantes quantias em subornos.
Os investigadores afirmam que as empresas obtiveram vantagens na execução dos contratos, evidenciadas através de ampliações, determinações de preços, adiantamentos financeiros e extensões dos prazos de entrega.
“Isso se traduziu em um prejuízo patrimonial para as arcas do Estado, que se viu privado de conseguir melhores ofertas pela falta de competição genuína e teve que suportar maiores custos sem poder contar com as estações finalizadas nos prazos estipulados”, descreve o expediente.
O julgamento será realizado virtualmente nas segundas-feiras a cada 15 dias, apesar do recurso apresentado pela procuradora-geral Fabiana León para que as audiências fossem presenciais e realizadas com maior frequência. Somente das testemunhas propostas pelo Ministério Público, 290 pessoas serão escutadas pelo juiz argentino Sebastián Casanello, da 7a Vara Criminal Federal, responsável pelo caso.
Paralelamente, o país também investiga outro caso da Lava Jato, de suposto pagamento de propinas para a obra de soterramento da Ferrovia Sarmiento, na região metropolitana de Buenos Aires. Este julgamento, no entanto, ainda não tem data para começar.